Que a corrupção política em nosso país é gigantesca e muito grave não é segredo para ninguém. Mas será que nós, cidadãos, temos alguma coisa a ver com isso? Entenda como nossas atitudes podem sustentar essa prática através de pequenas corrupções.
Hoje em dia, não se fala em outra coisa, senão em corrupção. Seja nas revistas, nos telejornais, nas redes sociais e nas breves conversas no elevador, a palavra corrupção atrai a atenção e pode render as mais variadas respostas. Podemos definir o termo como atitudes que visam obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra.
A indignação e a revolta das pessoas são justificáveis, afinal ninguém gosta de se sentir roubado e enganado. Porém, se observarmos a definição de corrupção, não é difícil perceber que essas atitudes são mais comuns em nosso dia-a-dia do que podemos imaginar. Denominadas “pequenas corrupções“, elas são mais sutis, simples, e, infelizmente, mais aceitáveis pela maioria. É o famoso “jeitinho brasileiro”. Por que sabemos condenar tão bem a corrupção dos outros, mas não a nossa?
Para entender como a corrupção “mundana”, do nosso dia a dia, tem suas consequências, leia atentamente o infográfico a seguir:
Que tal baixar esse infográfico em alta resolução? Clique aqui.
A LIÇÃO DE (DIS)HONESTY PERANTE AS PEQUENAS CORRUPÇÕES
O que podemos aprender sobre o resultado apresentado em (Dis)Honesty? Se pararmos para pensar nas vezes em que tiramos proveito de alguma situação, vamos perceber que em todas essas situações nós inventamos uma desculpa para justificar o erro. E elas são muitas, não é mesmo? Embolsar o troco que veio a mais, fazer download pirata de mídias, passar os pontos da CNH para outras pessoas, dar atestados médicos falsos, falsificar assinaturas, estacionar em vagas especiais, pegar sinal de televisão de outra pessoa… Geralmente pensamos que esses atos não fazem muita diferença no cotidiano, porque “é normal, todo mundo faz”. Porém, tomando como base a pesquisa que apresentamos, vemos que, ao contrário do que imaginamos, o prejuízo disso pode ser enorme.
Leia também: o que é a propina?
O JEITINHO BRASILEIRO E A CORRUPÇÃO POLÍTICA
Então voltamos para o nosso questionamento inicial: o que temos a ver com a corrupção política? Tendo em vista os resultados dessa pesquisa, não podemos dizer que esse problema não tem nenhuma relação conosco. Em primeiro lugar, nossas atitudes surtem efeitos na sociedade: aqueles que estão em volta podem muito bem repercutir nossas ações. O resultado disso pode ser um enorme ciclo vicioso, cujo resultado pode ser tão expressivo quanto qualquer grande escândalo de corrupção em Brasília.
Em segundo lugar, a corrupção de maior escala, seja por agentes do poder público ou de grandes empresas, encontra de alguma forma a sua legitimação. Se existe uma cultura que releva atos infracionais menores, a sociedade se torna propícia para a corrupção. É desse ambiente que saem as pessoas que estão e estarão no poder. Portanto, ao reproduzirmos esses comportamentos, estamos difundindo essa forma de agir e dando alicerce a toda uma estrutura, que tanto produz, quanto facilita a ocorrência da corrupção em maior escala. Lógico que estamos tratando de quantias enormes de dinheiro, mas para quem está no alto escalão, o proveito que tiramos de nossas atitudes diárias podem ser, em outras proporções, equivalentes ao proveito que eles tiram.
A Controladoria-Geral da União (CGU, hoje Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle) criou em 2013 a campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não” com o propósito de conscientizar a sociedade sobre as diversas práticas que são caracterizadas dentro do conceito.
Leia mais: 9 termos para entender a Operação Lava Jato
CONCLUSÃO
Esperamos que o leitor tenha entendido o que queremos explicar a partir dessa reflexão sobre as pequenas corrupções. São práticas muito comuns em nosso dia a dia e que não se limitam às práticas mencionadas na campanha da CGU. Existem inúmeras formas de esse fenômeno se manifestar. Atualmente, com todos os escândalos de corrupção em que estão envolvidos nossos políticos, acabamos colocando toda a culpa dos males do país sobre eles, esquecendo de refletir sobre nossas próprias atitudes. O ponto crucial é que tanto eles, quanto nós devemos nos responsabilizar por nossos atos.
Por outro lado, é importante ressaltar que não queremos com isso dizer que somos todos corruptos ou que todos praticam pequenas corrupções. Muito pelo contrário, queremos esclarecer que o “jeitinho brasileiro” tem um grande impacto no cenário econômico e político do nosso país e que nós, através de pequenas mudanças de consciência, podemos trabalhar para termos uma sociedade muito mais honesta e que preza pela transparência.
E você, tem alguma opinião sobre as pequenas corrupções? Nos conte nos comentários!
Referências
Espiral de Valor: documentário (Dis)Honesty