A expressão “A Justiça é cega” remete à ideia de um sistema imparcial, onde as leis são aplicadas de forma equitativa, sem favorecimento ou preconceito. No entanto, ao olhar para a realidade política e social, é impossível não perceber que a justiça, muitas vezes, não é tão cega assim. A política, em especial, muitas vezes se utiliza dessa alegoria para encobrir uma série de distorções que existem no sistema judiciário. Ao defender uma justiça cega, o discurso político finge que as desigualdades estruturais não existem, como se todos estivessem sujeitos às mesmas regras, quando, na prática, aqueles que detêm poder e recursos sempre encontram formas de manipular o sistema a seu favor.
A hipocrisia política se manifesta quando os líderes e instituições de um país alegam que a justiça deve ser aplicada de maneira impessoal e igualitária, mas, em seus bastidores, há uma clara utilização do poder para proteger os interesses próprios ou de grupos privilegiados. A corrupção, uma chaga que atinge muitos setores da sociedade, transforma o que deveria ser um sistema imparcial em um campo de barganha. Os políticos, ao se beneficiarem de cargos e privilégios, criam um cenário onde a justiça é distorcida, e as punições parecem sempre ser mais leves para quem está no topo da hierarquia, enquanto os mais vulneráveis continuam a sofrer as consequências de um sistema falho e desigual.
Esse comportamento reflete a natureza humana de buscar o poder e a vantagem pessoal, muitas vezes à custa dos outros. A corrupção não é apenas uma questão de desvio de recursos; ela também reflete uma falha moral que pervade a sociedade. Ao agir de forma egoísta, aqueles que ocupam cargos de poder não se preocupam com a verdadeira justiça, mas sim com a manutenção de seus próprios interesses. A ideia de uma justiça cega, portanto, não passa de uma ilusão, uma fachada que esconde a verdadeira face de um sistema que, frequentemente, é moldado pela corrupção e pela manipulação.
Se a justiça fosse realmente cega, ela teria a capacidade de enxergar as falácias e as injustiças que são cometidas em nome de interesses políticos e financeiros. A verdadeira justiça não deveria se deixar guiar apenas por leis frias, mas sim pela integridade e pelo compromisso com o bem comum. Para que o sistema judicial cumpra seu papel, é preciso que haja uma mudança de postura, onde a corrupção e a hipocrisia política sejam combatidas e a justiça, de fato, se torne uma ferramenta de equidade e de verdade para todos.
