Descubra o que faz um juiz eleitoral e quais são as suas atribuições

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Você sabe o que faz um juiz eleitoral e sobre quais assuntos ele pode deliberar? Neste texto, a Politize! te ajuda a entender um pouco mais sobre esse ramo especializado do Poder Judiciário.

A justiça eleitoral brasileira, composta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunais Regionais Eleitorais, juízes e juntas eleitorais, é um pilar essencial para a democracia do país. Desde sua instituição em 1932, ela desempenha um papel crucial na condução de eleições transparentes e justas, regida pelas normas estabelecidas na Constituição Federal e no Código Eleitoral.

martelo justiça
Imagem – Freepik

O que é a justiça eleitoral

Criada em 1932, a justiça eleitoral é composta por:

  • Juntas eleitorais;
  • Juizes e juizas;
  • Tribunais Regionais Eleitorais (TREs); e
  • Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A justiça eleitoral no Brasil segue regras definidas pela Constituição Federal e pelo Código Eleitoral. Essas regras dizem o que o órgão e os juízes devem fazer. A justiça eleitoral cuida de muitas coisas, desde colocar os nomes dos candidatos até organizar como será a votação, como as urnas eletrônicas e as cédulas serão preparadas, e até mesmo de decidir onde os mesários irão trabalhar durante as eleições.

O que é um juiz eleitoral?

O juiz eleitoral é nomeado pela justiça eleitoral para presidir as juntas eleitorais. Eles são nomeados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado ao qual pertencem, como o Tribunal Eleitoral do Estado de São Paulo, e são indicados pelo Tribunal de Justiça.

Esses juízes fazem parte da primeira instância e devem obedecer ao critério de revezamento, não podendo exercer suas funções eleitorais por mais de dois anos, a menos que não haja outros juízes disponíveis na comarca.

Freepik – Urna Eletronica

O que faz um juiz eleitoral?

Um juiz eleitoral devem, dentro de suas atribuições, fazer cumprir as decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as decisões do Tribunal Regional Eleitoral (TREs). Fazer cumprir as decisões tomadas, significa que o juiz eleitoral deverá julgar os processos baseando-se na jurisprudência.

Entenda mais sobre o Tribunal Superior Eleitoral e o Tribunal Regional Eleitoral: Tribunal Superior Eleitoral e Tribunais Regionais: o que fazem? | Politize!

Jurisprudência refere-se à prática de um juiz tomar decisões com base em precedentes estabelecidos por casos anteriores. Em outras palavras, quando um juiz se depara com um novo caso, ele pode olhar para como casos semelhantes foram decididos no passado para orientar sua própria decisão.

Esse juiz também fica encarregado da organização das eleições dentro de sua jurisdição, isso inclui a definição de locais de votação, a convocação dos funcionários da mesa, garantir a distribuição e a disponibilidade de cédulas e urnas eletrônicas.

Cabe ao juiz eleitoral também o registro de candidatos e a avaliação dos pedidos, verificando se estes preenchem os requisitos legais para a candidatura, como determina, por exemplo, a Lei da Ficha Limpa.

A garantia da imparcialidade durante o processo eleitoral é também responsabilidade do juiz eleitoral. Cabem a eles garantir a integridade do processo eleitoral, que deve ser justo e transparente, promovendo a confiança dos cidadãos no sistema democrático. Portanto, devem evitar fraudes por meio da fiscalização dos partidos políticos, das campanhas e dos candidatos para cumprirem as regras estabelecidas, como o financiamento ilegal, ofensas aos direitos humanos, etc.

E, por fim, cabe ao juiz eleitoral garantir a integridade do processo eleitoral, para que ocorra de forma justa e transparente, promovendo a confiança dos cidadãos no sistema democrático.

Qual a importância do juiz eleitoral para sociedade?

Um juiz eleitoral assegura um processo eleitoral mais justo, seguro e transparente para a sociedade. Atuando dentro do tribunal eleitoral de cada região, ele se mantém mais próximo do cidadão durante o momento da eleição. Dessa forma, a importância de um juiz eleitoral é assegurar a transparência e integridade desse processo.

O juiz eleitoral desempenha um papel fundamental na garantia da integridade do processo democrático, supervisionando desde a inscrição dos eleitores até a contagem dos votos. Sua imparcialidade e independência são essenciais para resolver disputas e controvérsias de forma justa, ele tem um papel educativo ao esclarecer a legislação eleitoral e os procedimentos legais, contribuindo para uma participação mais informada e engajada na vida política.

Por fim, o juiz eleitoral é um guardião da democracia, garantindo eleições livres, justas, transparentes e protegendo os direitos dos cidadãos ao longo de todo o processo eleitoral.

Como funciona a Justiça Eleitoral nos Estados Unidos e na Alemanha

O sistema eleitoral norte-americano está presente em várias esferas, seja para eleger democraticamente representantes como prefeitos, presidentes, deputados e afins até a eleição de procuradores. Entretanto, não existe um órgão de justiça eleitoral.

Fica a cargo do Poder Legislativo de cada estado criar seu próprio sistema eleitoral, criando seus próprios departamentos, comissões, cargos e a administração. Dessa forma, cada estado tem um processo eleitoral diferente, criando um modelo heterogêneo entre os estados de processo eleitoral.

Estrutura EUA vs Brasil

Nos Estados Unidos, um administrador-chefe é eleito e designado por meio de eleição ou nomeação, geralmente esse cargo recai sobre o Secretário de Estado. Assim, estabelecem-se conselhos administrativos em várias fases, com maior potência no âmbito distrital e na qual ela toma forma.

Para entender mais sobre a diferença entre as eleições dos EUA e do Brasil: Como as eleições nos Estados Unidos diferem das eleições brasileiras

As formas de fiscalização são estabelecidas pelos códigos eleitorais, determinando quem serão os encarregados de nomeação e fiscalização. Esses códigos também estabelecem sistemas de administração para tratar sobre: a elegibilidade de eleitores e candidatos, a conduta de campanhas, o formato de cédulas e ainda os locais e horários. Diferente do que ocorre no Brasil, em que já existe um código eleitoral e os juízes nomeados são funcionários públicos.

Os códigos eleitorais elaborados pelos estados também estabelecem uma exigência que teoricamente assegura um caráter bipartidário para eleição, que garante a confrontação de oponentes, para assegurar a transparência do processo eleitoral. Enquanto no Brasil, é vedada a participação de mesários que componham algum partido político.

Estrutura Alemanha vs Brasil

Na Alemanha, as eleições ocorrem a partir do Parlamento Federal, que representa o povo, constituindo o único órgão federal efetivamente eleito por voto direto. As eleições para esse parlamento são regidas pela lei federal (Bundeswahlgesetz ou BWahlG), que define o sistema eleitoral.

As eleições são administrativamente conduzidas pelo Diretor das Eleições Federais (Bundeswahlleiter), uma posição que não tem equivalente no Brasil. Sua nomeação ocorre sem mandato e é feita pelo Ministro do Interior, tradicionalmente o presidente do Instituto de Estatística.

As funções do Diretor de Eleições incluem a preparação e condução das eleições em todos os níveis federativos, além de garantir a regularidade formal dos partidos políticos nas eleições e sua conformidade com a legislação partidária. No Brasil, essa função é exercida pela Justiça Eleitoral.

Em sintese

A justiça eleitoral brasileira, constituída pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunais Regionais Eleitorais, juízes e juntas eleitorais, desempenha um papel crucial na condução de eleições transparentes e justas desde sua criação em 1932.

Regida pela Constituição Federal e pelo Código Eleitoral, essa instituição é responsável por diversas tarefas, desde a organização das eleições até a garantia da integridade do processo eleitoral, promovendo a confiança dos cidadãos na democracia.

Os juízes eleitorais, nomeados para presidir as juntas eleitorais, têm a responsabilidade de fazer cumprir as decisões dos tribunais superiores, organizar as eleições em suas jurisdições, avaliar registros de candidatura e assegurar a imparcialidade e integridade do processo eleitoral, tornando-se essenciais para o funcionamento democrático do país.

Em contrapartida aos Estados Unidos e à Alemanha, onde não há um órgão centralizado de justiça eleitoral, no Brasil, a estrutura da justiça eleitoral é composta por diferentes instâncias, reguladas por um código eleitoral e envolvendo juízes nomeados.

Nos EUA, a administração eleitoral é descentralizada, ficando a cargo dos estados, enquanto na Alemanha, as eleições são regidas por lei federal e administradas pelo Diretor das Eleições Federais.

As diferenças estruturais entre esses países destacam a singularidade do modelo brasileiro, no qual a Justiça Eleitoral desempenha um papel proeminente na condução e fiscalização do processo eleitoral, contribuindo para a estabilidade e transparência da democracia.

E aí, conseguiu entender quais são as atribuições de um juiz eleitoral? Deixe suas dúvidas nos comentários!

Referências:

  • Criada há 90 anos, Justiça Eleitoral pôs fim a tradição de fraude nas votações do Brasil – Senado Federal
  • Eleições sem tribunais eleitorais : o caso dos EUA ,Rodrigues, Ricardo José Pereira, Revista de informação legislativa, v. 33, n. 131, p. 135-145, jul./set. 1996 > http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/176481 <
  • Eleições – German Bundestag
  • História da Justiça Eleitoral — Tribunal Superior Eleitoral
  • Justiça Eleitoral: composição, competências e funções — Tribunal Superior Eleitoral
  • LIMONGI, Dante Braz; PEREIRA, Diogo Modesto; BORGES, Diogo Njaine. Breve estudo sobre a estrutura constitucional alemã, o federalismo no país e sua última reforma. Revista Direito, Estado e Sociedade, [S. l.], n. 39, 2014. DOI: 10.17808/des.39.177. Disponível em: https://revistades.jur.puc-rio.br/index.php/revistades/article/view/177. Acesso em: 21 mar. 2024.
  • Mudanças na lei eleitoral | Perfil da Alemanha
  • Os sistemas eleitoral e partidário no Brasil e na Alemanha, TEIXEIRA, José Marques, Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 40 n. 163 jul./set. 2004 >https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/997/R163-21.pdf?sequence=4&isAllowed=y

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Conteúdo escrito por:
Graduanda em Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo (USP). Foi estagiaria na Secretaria de Urbanismo e Licenciamento do Município de São Paulo e na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Escrevo sobre direito, política e urbanismo.

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05 out. 2024

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